segunda-feira, 19 de outubro de 2009

Filme do fim de semana - Distrito 9

Filmaço, assim descrevo esse filmão que assisti nesse final de semana, foi uma pena que terminou, e terminou já naquela ansiedade de assistir sua continuação, e opiniões sobre o filme foram unânimes naquele dia, menos com as mulheres que queriam assistir Madagascar 2. Ou seja, não é um filme para mulheres. 

Os problemas do estilo “neo-verité” que passou a ser muito utilizado nesta década são dois: mexer muito a câmera e usar cenas muito curtas. Lembro que começou isso naquela brincadeirinha besta (A bruxa de Blair) pois bem, combinados, esses dois elementos podem causar dor de cabeça e náusea na platéia, e, infelizmente, os primeiros 20, 30 minutos de "Distrito 9" são comprometidos por essa falta de tato com a imagem. Tanto é que as melhores partes do filme são aquelas que não tentam simular um noticiário ou documentário. Seja como for, essa abordagem realista tem sua razão de existir, já que pode até ser vista como um comentário sobre o próprio método de filmagem utilizado em filmes que tratam das margens da sociedade, criando para pessoas pobres uma identidade visual que acaba por discriminá-las da mesma forma: por que elas não podem ser vistas numa tela de cinema sob o mesmo prisma que o cidadão urbano, burguês?

É aí onde "Distrito 9" se destaca acima de um extraordinário conto sci-fi. Ele situa a ação num cenário

O diretor Neil Blomkamp iguala tudo na marginalidade. Com seu primeiro filme (apadrinhado pelo gigante Peter Jackson), ele não faz um comentário político-social, mas um comentário imagético.

Mas é injusto falar sobre "Distrito 9" sem mencionar também sua contribuição para o gênero em que está inserido. Estamos diante de algo que impressiona não apenas pelo uso do formato, mas também por avançar na narrativa até um ponto em que você pode ficar sem saber adivinhar o que virá em seguida - e, convenhamos, hoje em dia, com tanta reciclagem que se vê numa tela de cinema, esse é um grande mérito. Trunfo da caracterização do protagonista, Wikus Van De Merve, interpretado pelo novato Sharlto Copley. O personagem é construído de maneira ambígua: insuportável e chatíssimo à primeira vista, mas por quem você acaba torcendo, mesmo que ele se revele um genuíno anti-herói, egoísta e capaz de cometer filhadaputagens para poder salvar a própria pele.

E se não se pode dizer que os vilões humanos de "Distrito 9" são exatamente esféricos - como o militar Koobus ou os gângsteres que comandam a comunidade - Christopher Johnson, o alienígena principal (curioso como o extraterrestre tem um nome "mais humano" do que os próprios humanos do filme) é um dos grandes personagens do ano, pois, assim como Wikus, cativa o espectador gradualmente, além de ter um design simples (uma mistura de gafanhoto com lagosta), mas bastante interessante. Notável, aliás, como CGI e efeitos práticos se confundem na tela. Não estou 100% certo da técnica utilizada, mas em algumas cenas os alienígenas parecem ser bonecos animatrônicos de tão reais. Sem falar que os demais efeitos visuais são realizados com a competência habitual da WETA, sem que em momento algum você "saia" do filme por achar que alguma coisa ali é inverossímil.

Lembrando, sempre, que verossimilhança é aquilo que é crível, e não o que é verídico. Voltamos, então, à questão do "fake" se misturando com o "real": assistimos ao filme sabendo que nada daquilo existe, mas tendo como referência a vida do lado de cá, percebida através dos telejornais. Por isso prefiro a mentira sincera de "Distrito 9" do que qualquer cinema que se venda como verdade.

Um comentário:

  1. cara já vi esse filme gostei muito. além da qualidade a história tb é ecxelente. boa dica!

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